2011-01-23

Eu tento.

Não que eu seja a pessoa mais generosa do mundo e que em minhas frases geralmente se encontre o desejo do bem alheio, mas eu o desejo mundialmente. Eu acho esse sentimento estranho a mim em função da visão que as pessoas tem de mim e não necessariamente o que eu de fato sou, acho que durante muito tempo (e até hoje um pouco) me preocupei com o que eu representava e não com o que eu de fato era e isso acabou me afetando. Ainda estou em processo de inversão. Mas, voltando ao que interessa, o mal alheio me faz mal. Coisas mundiais me fazem muito mal, os conflitos na faixa de Gaza, as questão desumanas na África, as torcidas de futebol da Turquia, as enchentes no Rio de Janeiro, os tornados, os tsunamis, a fome, a miséria, o preconceito, a desvalorização do próximo me afeta. Ver uma reportagem manipulada (ou não) na televisão, uma fotografia antiga ou atual de um momento trágico, as histórias de pessoas que eu não conheço e que sofrem, isso me faz sofrer.

Todas essas questões e tantas outras me afetam ao ponto de perder o sono, de quando minha mãe briga comigo eu achar ínfimo por ter outras pessoas com problemas maiores e eu estar preocupada com isso, preocupada mesmo! Procurando uma solução, uma mobilização, um intercambio voluntario, um campo profissional que me dê o alcance de fazer alguma diferença.

E isso tudo estranho porque eu não vejo outras pessoas pensando assim, até vejo pensando, mas não de fato se importando a ponto de se mobilizar, de entender que é um pedaço do seu povo que está se desfazendo, que são partes do seu planeta que estão destruindo. E não vejo outras pessoas serem tão afetadas assim como eu, ao menos não conheço nenhuma perto de mim assim.

E não acho que eu esteja sendo sensível demais, acho absurdo as pessoas não se sensibilizarem com coisas assim.

Nos últimos tempos eu dificilmente rezo, antes eu fazia todas as noites antes de dormir. Com o passar do tempo comecei a rezar “seriamente”, entendendo cada palavra do que dizia e cuidando o que dizia. Depois parei de pedir em minhas orações, achava injusto eu somente pedir desenfreadamente para uma força superior algo que eu poderia e deveria conseguir pelas minhas próprias mãos. Passei somente a agradecer todas as noites. Mas como disse antes, nos últimos tempos eu dificilmente rezo, tenho inclusive evitado. Sinto que eu abandonei meu Deus e que ele não fez o mesmo, mas me deixou absolutamente dispersa. Nossa relação melhorou muito desde então, quando o faço, continuo agradecendo e, eventualmente, pedindo, mas nunca pra mim. Peço proteção, saúde, sorte, iluminação e coisas do tipo para minha família, pros meus amigos, pras pessoas que eu amei, que eu amo, que um dia posso amar e a todos aqueles que não conheço. Dificilmente em minhas orações, quando as faço, falta alguma situação global. Me sinto de mãos atadas diante disso, me sinto impotente, me sinto fraca.

Mas ainda assim me sinto melhor. Sei que não ajuda diretamente e que posso e devo fazer mais, mas eu ficaria feliz se alguém mesmo estando do outro lado do mundo e não me conhecendo rezasse por mim, me desejasse que tudo melhorasse, pensasse que deve e que pode haver um movimento e pacificação entre povos, se alguém sofresse e torcesse comigo e por mim.

2010-12-25

Homeless

Eu não tenho mais casa, não tenho mais para onde voltar. Eu já sabia disso, já sentia isso há muito tempo.
Entendo agora que casa é o lugar que tu constrói, que tu te estabelece e não necessariamente o lugar onde nasceu ou onde a família mora.
Casa é o lugar onde tu pode fazer o que quiser de acordo com a tua vontade, que tu tem liberdade pra falar o que quiser e quando quiser.
Casa é o lugar onde tu constrói respeito. Não precisa conviver com outras pessoas pra construir respeito, tu pode morar sozinho e fazer isso, tu te respeita e isso basta.
Um dos maiores problema de quando crescemos é que não determinamos as pessoas por laço de afetividade ou ligação sanguínea, e sim pelo que as pessoas realmente são. Não são pais, mães e irmãos, são pessoas. Mas quando se nasceu depois destes, é difícil desses estabelecerem relações de respeito fora dos laços de sangue ou de afetividade. Uma vez filha, sempre filha, não pessoa.
Entendo agora que casa é o lugar que tu constrói, que tu te estabelece e não necessariamente o lugar onde nasceu ou onde a família mora.
Casa é o lugar onde tu pode fazer o que quiser de acordo com a tua vontade, que tu tem liberdade pra falar o que quiser e quando quiser.
Casa é o lugar onde tu constrói respeito. Não precisa conviver com outras pessoas pra construir respeito, tu pode morar sozinho e fazer isso, tu te respeita e isso basta.
Um dos maiores problema de quando crescemos é que não determinamos as pessoas por laço de afetividade ou ligação sanguínea, e sim pelo que as pessoas realmente são. Não são pais, mães e irmãos, são pessoas. Mas quando se nasceu depois destes, é difícil desses estabelecerem relações de respeito fora dos laços de sangue ou de afetividade. Uma vez filha, sempre filha, não pessoa.


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